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Nascida na pequena cidade de São Roque, Interior do estado de São Paulo, Geisa Arcanjo ainda é uma menina com seus 18 anos, mas conseguiu um feito de gente grande. Na última terça-feira, no Canadá, conquistou, no arremesso de peso, o primeiro ouro entre as mulheres em um Mundial juvenil de atletismo.

Apontada como melhor atleta brasileira juvenil, a medalha de ouro veio após a marca de 17,02m, superando a chinesa Oiangian Meng, que fez 8cm menos. Mas agora as responsabilidades ficam maiores. , ela contou que quer chegar ao seu ápice nas olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, e revelou que abandonou de vez o lançamento de disco.Em sua cidade natal, começou a praticar arremesso de peso e lançamento de disco nas escolinhas de um clube local. Os bons resultados em competições escolares lhe garantiram o convite para que se tornasse bolsista do Projeto Futuro, que revela talentos no Parque do Ibirapuera. Desde então, passou a ganhar projeção nacional e a colecionar marcas expressivas.

"Ano passado fui medalha de prata no Sul-Americano juvenil no disco. Mas é bem claro que em nível mundial, são raros os atletas que tem a capacidade de estar com grandes marcas em mais de uma prova", explicou a jovem atleta.

Ela ainda falou sobre seus treinos em Uberlândia, sobre a sensação de dever cumprido após a medalha de ouro, sobre ser a sucessora de Elisângela Adriano no arremesso e muito mais. Confira a entrevista completa.    Como foi a ordem da prova? Você arremessou antes da chinesa?

Geisa Arcanjo - No começo sim, eu arremessei antes das duas chinesas. A melhor colocada no ranking estava na minha frente até o terceiro arremesso, quando eu a passei. Daí por diante, foi segurar a emoção e tentar melhorar a minha marca pessoal [17,11m].

Quando você a passou com seus 17,02m, já sabia que seria ouro?
Na verdade não, porque mesmo com essa marca o risco de ser passada por ela ainda era muito grande.

Você é a principal atleta juvenil do país, ganhou até uma premiação da CBAt, e colocou na sua página no Orkut que era "dever cumprido" após esse título. Como você encara essa responsabilidade de ser a jovem estrela do atletismo? Por que a sensação de "dever cumprido"?
É complicado, pois a cada vez que se consegue um grande feito como esse, a cobrança de sempre ser a melhor, em qualquer que seja a competição, é bem maior e vem de muito mais lugares, não só da mídia, mas técnicos, de colegas e de mim. E o dever cumprido porque eu me preparei desde o ano passado para isso e renunciar a tantas coisas acaba valendo a pena no final.

Tendo apenas 18 anos ainda, você acha que seu auge pode ser já em 2012 ou fica pra 2016?
Espero que meu ápice seja a partir de 2016, mas com essa já sendo a minha segunda Olimpíada. Experiência conta muito nessas horas

Você quebrou um recorde juvenil antigo da Elisângela Adriano. Você se espelha nela ou a tem como alguém a superar, até pela falta de resultados mais expressivos por parte dela em Mundiais e Olimpíadas?
Sempre tentamos ser melhores do que aqueles que já passaram. Eu a admiro muito e espero que eu possa ter um nome pelo qual zelar assim como ela tem.

Quais são suas próximas metas em termos de resultados e de recordes?
A partir do ano que vem eu terei que encarar uma fase ainda mais difícil, pois a categoria de base acabou agora. Terei os Jogos Pan-Americanos adulto, quem sabe um Mundial adulto... As coisas ficam mais difíceis nesses cenários.

E em termos de marcas? Você tem planos do tipo: quero chegar a 18m em...
Espero chegar perto ou atingir o índice para o Mundial adulto para o ano que vem [18,35m], pois assim garanto a minha vaga e uma boa colocação nos Jogos Pan-Americanos [de 2011 em Guadalajara, México].

Você está treinando em Uberlândia-MG com os cubanos. Como funciona esse intercambio? Como estão te ajudando?
Eu até agora treinei com o Orlando Pérez, mas começarei minha preparação para as outras competições com o Justo Navarro, que foi o treinador da campeã olímpica cubana [Yumileidi Cumbá, ouro em 2004]. Ele foi contratado para comandar a área de arremessos e lançamentos do Centro Nacional criado pela CBAt [em Uberlândia].

Você já conquistou medalhas também no disco. Vai continuar treinando lançamento ou vai ficar agora só no peso?
Ano passado fui medalha de prata no Sul-Americano juvenil no disco. Mas é bem claro que em nível mundial, são raros os atletas que tem a capacidade de estar com grandes marcas em mais de uma prova. Por isso optei por ser apenas uma arremessadora e não mais treinar o disco. Tinha índice para o Mundial no disco, mas priorizei o peso.

Quando você tomou essa decisão? Acha que participaria da final do disco no Canadá?
Eu tomei essa decisão há mais ou menos três meses. E talvez até fosse para a final. A qualificação foi forte e para isso teria que melhorar a minha marca da temporada. 

 

 

entrevista: uol  esporte